Oi, Nada. Que saudade de vo-ce!

Tava aqui em casa, tv ligada, cadernos no chao, coracao a mil e lembrei de quanto tu me fazes falta. Lembrei daquela epoca em que a sexta-feira chegava e a gente se trancava no meu quarto. Nao tinha internet, nao tinha festinha (ate porque nem idade pra isso eu tinha). Soh tinha a gente.
As vezes um filme bobo na televisao, as vezes um livrinho bem infanto-juvenil. Lembro quando apareciam aqueles trabalhos de geografia que teoricamente deviam me tomar o final de semana todo... mas eu preferia e me dava ao luxo de ignora-los pra ficar contigo.
Teve uma epoca, logo que eu comecei a crescer, lembra? As meninas ligavam pra gente ir tomar banho de piscina e juro!, meu maior prazer era ir com elas mas te levar junto, porque eu me cansava rapido das pessoas, mas podia virar pro lado, na cadeira, enquanto pegava sol, e ficar olhando pra ti. E meeeeeeeeu Deus, como era bom olhar pro Nada!
Tu eras o meu vicio. Lembro bem que sempre que alguem perguntava por mim la em casa, outro respondia: "La no quarto!". "Fazendo?". E obvio que a resposta era sempre a mesma: "Adivinha.... Nada, ne."
E eu lembro que o tom que usavam nao era muito bom nao. Mas sabe, nem julgo. Nossa relacao sempre foi unica. Nunca esperei que ninguem entedesse mesmo.
Eu fiquei realmente triste naquele verao, 2003 eu acho, em que de repente, sem mais nem menos, juntasse tuas coisas e fosse embora. Eu odiei acordar um dia e ficar sem Nada. Aih, mudei de cama e de repente acordei com Tudo.
Ok, confesso: nao foi tao ruim assim. Tive um certo tempo de apreco pelo Tudo. Mas, ah... ainda sinto falta de acordar com Nada do lado.
Agora o Tudo foi embora tambem. Apareceu o Alguma-Coisa na minha vida... Sou muito fa nao, viu... Mas a gente ta levando.
Sinto saudades, Nada. MEU Nada! Troco Alguma-Coisa, troco ate Tudo pra ter um Nada aqui comigo de novo. E nao tem dia que eu durma sem pensar em ti. E nao tem dia que eu consiga dormir sem suspirar baixinho um "Ah, que saudade do Nada".